
Liliana Peixinho *
Peço sua permissão, leitor, para exercitarmos juntos, aqui, um jornalismo cidadão reflexivo, através de perguntas clássicas para tentarmos nos situar na atual crise mundial, entender o que se passa, quem está causando o que , por que não estamos avançando nas mudanças necessárias, para onde queremos ir, como isso é possível, e até quando vamos adiar a garantia de direitos conquistados.
Pergunto: Que tipo de crescimento o Poder Político opera numa sociedade com projeções atuais de 50 milhões de desempregados? Que modelo de consumo vamos adotar depois do fracasso irresponsável e ganancioso dos americanos de um lado; da massificação chinesa na venda de produtos descartáveis sujos, frutos da exploração de 800 milhões de operários; e na incontrolável guerra que envolve povos cujos domínios religiosos ortodoxos históricos parecem não avançar jamais?
Qual o papel do Estado que vamos querer ao sentirmos os efeitos econômicos criminosos de regulamentações, ou falta delas, que, historicamente , só tem favorecido a concentração de renda dos que já são muito ricos, e distanciado o sonho socialista da distribuição de renda entre os que são muito pobres? Se parássemos de produzir inutilidades/lixo para nos concentrarmos na distribuição do que já temos em excesso, em alguns lugares e pessoas, para outros espaços e pessoas, que não tem nada ou quase nada, não poderia ser uma grande revolução?
Quem está fazendo uma revisão histórica dos modelos capitais em pauta para que o grande responsável pelo acúmulo da mais valia para o patrão, o operariado, possa se organizar como ponto de pressão de classe trabalhadora para o ressurgimento da esquerda, adormecida? Que tipo de retorno político pode gerar a indignação de eleitores que veem seus eleitos usando fartas e gordas verbas de gabinete, com direito a tudo e um pouco mais, em contrapartida à humilhação de cidadãos morrendo à míngua pela falta de acesso a direitos básicos mínimos como uma casa limpa, um corpo saudável e uma mente ativa/criativa ?
Por que o governo de um país faz questão de marquetear, mundo afora, o perfil psicológico/estético de um presidente que parece ter esquecido a luta operária, orgulho para sua escolha, em nome de um neoliberalismo que uniu o Brasil para combatê-lo no histórico impeachement presidencial ? Mais importante que multiplicar elogios “espontâneos” de lideres mundiais interessados nas riquezas brasileiras, não seria ver que as pesquisas de popularidade deveriam ser bem mais reais do que mostram os programas pagos para veiculá-las? E potencializar as riquezas do Brasil para os brasileiros? Mas nós jornalistas, mostramos, todos os dias, e muita gente não quer ver, as grandes e dolorosas feridas, em corpos, mentes e almas de brasileiros guerreiros.
Quando a Política estruturante, de grandes linhas, comprometida com o futuro, com o trabalhador, com o cidadão, substituírá a atual pequena política, partidária, preocupada só com a simples substituição /revezamento de cargos, sem os compromissos sociais apaixonantes como a defesa da vida harmoniosa e civilizada nesse planetinha em eterna ebulição?
Como a ganância do capitalismo, que levou á crise atual, pode se transformar numa grande oportunidade para a construção de um novo paradigma que simplifique o complicadíssimo economez, que insiste servir o acúmulo de capital para quem sempre se beneficiou dele, e multiplique a cultura da vida simples, onde a harmonia e bem estar não se vinculam ao acúmulo de carros na garagens, construção de castelos inabitados, capital financeiro virtual especulativo, e posse de bens materiais que em nada eleva a condição humana na cadeia de vida verdadeiramente sustentável , em harmonia com a Natureza, origem da Vida.
Liliana Peixinho – DRT 1.430 - Jornalista, ativista sócioambiental. Fundadora do Movimento AMA – Amigos do Meio Ambiente www.amigodomeioambiente.com.br
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