sábado, 1 de outubro de 2011

PARADOXO ENTRE DISCURSO MIDIATIVO "SUSTENTAVEL" E A REALIDADE CAÓTICA FOCADA PELO JORNALISMO INVESTIGATIVO

 Por: Liliana Peixinho*
lilianapeixinho@gmail.com

Apesar da visibilidade midiática e da evolução do conceito: desenvolvimento sustentável, a realidade cotidiana demonstra, nos faz ver, perceber, sentir, registrar, que ações, de fato, sustentáveis, são difíceis de comprovar diante realidades diárias sobre a natureza, humana e ambiental, com outras faces, degradadas, violentadas, exploradas. A sustentabilidade existe sim, com muita ênfase, nos discursos, peças publicitárias, propagandas, falas de governo, empresas e ONGs, que souberam, estão sabendo, de forma competente e criativa, se apoderar do termo para surfar na onda do marketing verde vazio. Se dizem que fazem e não estão fazendo, concordo com o colega Andre Trigueiro, “temos obrigação diante do nosso papel de jornalistas, mostrar porque”. É objetivo desse artigo despertar a atenção sobre a forma como a mídia propaga, de forma massiva, o mais “famoso” dos novos paradigmas: a sustentabilidade. Nossa pesquisa é reforçada sobre imagens flagradas por jornalistas, no cotidiano brasileiro, mostrando quão distante anda o discurso, generalizado, da prática, onde o caos na saúde, educação, transportes, moradia atinge forte, a quem mais o governo diz estar dando atenção: classes pobres e médias.

Até onde, como e quando empresas/governos/educadores/cidadãos, estão realmente preocupadas com a preservação da Vida, na Terra? De que maneira surge, ou não, uma consciência interna, pessoal/profissional, de que cada ato pode favorecer ou prejudicar a preservação de recursos naturais vitais, como a água, alimento e ar? Em que nível de informação/formação as pessoas estão para saber que um ato aqui e ali, uma ponta de cigarro a mais, ou a menos, no ambiente, faz diferença sim no processo de condução para preservar a Vida? Qual pode ser o grau de satisfação, ou insatisfação, de cada pessoa/empresa, ao praticar um ato ambiental correto ou degradador? Até quando irá prevalecer a prática do “se todo mundo joga, eu também jogo, sujo, não faz diferença”. E, porque seria necessário reverter essa lógica, perversa? O caos nas emergências dos hospitais, o número diário de mortos por doenças preveníveis; o número de famílias desabrigadas dos inchaços urbanos desordenados, e casas deslizadas em terras frágeis, a cada nova chuva; o número de faculdades surgidas a cada semestre x o número de desempregados/recém-formados, que indicadores desses ai poderia mostrar o Brasil que se diz “sustentável”.

Monocultura, Commodities e fome interna




Matriz de produção predatória é paradoxal ao discurso do uso de matriz sustentável

Apesar do apelo ideológico, e do reforço diário do discurso da sustentabilidade, o conceito anda longe de práticas, ações, gestões, comportamentos, que levem sustentabilidade, harmonia, equilíbrio, entre o que, como, e quanto, se produz, na cadeia das atividades econômicas. Nesse contexto, como a Comunicação - Jornalismo, Publicidade, Redes Sociais, Listas de discussões, Grupos virtuais, blogs, sites - pode contribuir com informações, transversalizadas, contextualizadas historicosocialmente, para mostrar por que uma simples ponta de cigarro aqui, uma garrafa pet ali, uma latinha acolá, um projeto a mais alardeando-se sustentável, sem ser, faz sim, e muita, diferença, na construção de uma nova mentalidade, um novo jeito de pensar, fazer, se comportar, agir , mudar o que se mostra como necessário e urgente?

A Carta da Terra diz que “devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. E, que para chegar a esse propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações”. Nesse contexto, imperativo reforçarmos o saber como instrumento de construção, impulsão, para qualquer modelo, paradigma, jeito de viver, que reforce a condição humana como frágil, limitada, diante do poder da Natureza, onde tem facetas, climáticas, por exemplo, que a própria Ciência ainda ignora, desconhece? E, como a vida continua pautada no consumo, seja de idéias, fazeres e experiências, necessário e urgente se faz adotar políticas, práticas, que alimentem a cadeia de suprimentos, onde fornecedores, distribuidores, varejistas e consumidor final, estejam em harmonia, em sintonia, com as adaptações que o planeta, o ambiente, rural ou urbano, estar a nos exigir, para a garantia da Vida, em suas diversas formas.

Cotidiano mostra desespero de familiares com seus doentes, morrendo, do lado.

Fotos tiradas pela paciente Liliana Peixinho enquanto esteve internada por 2 dias na EMERGENCIA HRSantos -Cabula, Salvador, às 16.57 min de 12.09. 2011, depois de via crucis por diversas unidades públicas, antes da entrada no RS, onde saiu pior do que entrou. Veja cópias de fichas hospitalar, SAMU, Posto Pernambués e por ultimo HRSANTOS de onde saiu, sem alta, por total falta de tudo, inclusive espaço para entrar ou sair gente das ambulâncias. Deu receita porque não tinha remédios de emergência. Paciente falou que iria embora e saiu pior do que entrou. Ainda gastou o que não tinha, com ligações telefônicas e transporte, de volta para casa, no primeiro dia. E de novo, no dia seguinte, para o internamento.

Conteúdo das fichas médicas mostram o descaso de atendentes/enfermeiros/médicos/administração com o paciente/cidadão em emergência médica. Mesmo com a identidade em mãos o nome do paciente é escrito errado, no mesmo campo, em três dos sobrenomes.

Sistema, na prática, não acompanha discurso, marketeado !

No Brasil temos a sensação de que velocidade da máquina, do sistema, não acompanha as contrapartidas necessárias a um modelo de desenvolvimento que traduza, reflita, a garantia de direitos como condição para querer, fazer, acontecer, implantar. A impunidade favorece a letargia e mascara realidades fantasiadas pela propaganda de quem diz que faz, sem fazer, de fato. “ O banco mais sustentável do mundo”. Como um banco, instituição financeira que tem o lucro fácil, rápido e especulativo, como mola propulsora do seu negócio, pode se auto intitular, se auto promover, de auto designar, via propaganda, altamente criativa/sedutora, que é o banco mais sustentável do mundo?. Onde está a lógica dessa informação quando relacionada ao novo paradigma da sustentabilidade como modo de vida harmonioso? Será se o banco divulgaria índices de inadimplência de seus cliente, cheques sem fundos, empréstimos a longuissimos prazos, impagáveis para a maior parte dos brasileiros, pobres, com renda C e sem condição de tratar as doenças sociais geradas entre devedores de banco?

Temos uma falsa impressão sobre o que é alardeado como desenvolvimento quando estamos nas filas de ônibus, corredores dos hospitais, cadeias superlotadas de pobres, índices elevados de analfabetismo funcional, desperdício de alimentos x fome, num mesmo ambiente, estradas esburacadas, escuras, inseguras, em tráfego constante, com altos índices de mortes por atropelamentos, alcoolismo e um sistema de impunidade inaceitável para a tão alardeada Democracia. Como aceitar que se faça parte de uma nova classe média brasileira medida não pelo valor da felicidade, da cidadania, da civilidade, da inclusão, do grau de educação/informação, mas pelo nome/ano do carro, tipos de eletros que se tem em casa? Não pelo que o filho aprendeu na faculdade para melhorar a vida social, no papel que tenha escolhido, mas pelo quanto tempo ele terá que esperar, depois de formado, para entrar no mercado, para ser explorado? Como aceitar um crescimento que atropela, visivelmente, o desenvolvimento? Como entender o discurso político governamental/empresarial que mede o tipo de vida do seu povo, não pelo que ele mostra ter absorvido, entendido e aplicado, do conhecimento acessado/disponibilizado, mas pelo que parece estar a fazer de conta pertencer a um status inventado, criado em cima de valores frágeis, descartáveis, insustentáveis, perversos, criminosos mesmo, e pior, impune e forte, como que inabalável, mas visivelmente erosivo?

CADEIAS DE PRODUÇÃO SUJAS, INSUSTENTÁVEIS.

Caminhão de empresa joga dejetos no mangue, polui, mata milhares de toneladas de peixes e deixa comunidades doentes, sem trabalho e sem assistência médica e trabalho. O Movimento AMA conferiu in loco.

Como se orgulhar de um sistema social montado sob projetos fictícios, inoperantes, de fachadas, planejados por uma política marketeira agressiva e ávida por visibilidade, quando sabemos, comprovamos cotidianamente, como jornalistas investigativos, que as informações não são exatamente o que diz e até se mostra, editada? Porque divulgar, socializar informações cujas estruturas não dão as contrapartidas necessárias ao que se diz que está sendo feito?Informações que, sem a infra necessária ao funcionamento de uma engrenagem que possa planejar o passo a passo, com alicerces profundos no enfretamento de desafios a curto, médio e longo, prazos, comprometem a vida cotidiana presente e futura ? Como fortalecer o altruísmo, a proatividade social de ponta a ponta, na necessária harmonia com o viver bem, se direitos mínimos, como o acesso a boas informações, não chegam a quem precisa, para transformar?

O Brasil recebe criticas externas sobre a falta de infraestrutura em setores básicos da engrenagem econômica que estar a desenhar, projetar mundo afora. São áreas de base, como formação de m/ao de obra especializadas, saúde e saneamento básicos, transporte público de massa que alivie uma malha viária que só aumenta a quantidade de automóveis nas ruas, já inchadas, travadas, estressadas, inseguras. Problemas que estão interdependentes e que por isso precisam de visão estratégica de políticas transversalizadas de fato, não no discurso. Problemas que estão relacionados, intricados a outros, como Segurança, Trabalho, Moradia Educação com o real objetivo de aprendizagem como instrumento de transformação social. Na Habitação, as cidades incham as periferias sem estruturas míninas de saneamento, responsável por uma cadeia complexa para a garantia da saúde como sinônimo de Vida, com conforto, segurança e inteligência na hora de construir. No país das matrizes limpas, naturais, estamos ainda na contramão da história mundial, quando vemos países como Alemanha, França e Estados Unidos e outros, querendo acabar com suas usinas nucleares e nós, brasileiros, desperdiçando e acabando com matrizes limpas como água, vento, sol e tudo o que deles resultam para a produção de energias alternativas, alinhadas com o mercado verde, de baixo impacto de carbono.


Divulga-se, propaga-se em discursos um modelo de produção agrícola que valorize e potencialize a agricultura familiar. Na prática esse discurso é paradoxal à realidade quando vemos ações desvinculadas dos grandes créditos do agronegócio, da monocultura de commodities que exporta tudo de bom e esquece-se da população interna, a que produz e cuida das riquezas da nossa cultura. Nas comunidades tradicionais, onde povos como quilombolas e indígenas cuidam da terra, eles plantam e colhem mandioca, por exemplo, mas vendem tudo o que de bom produzem dela e acabam comprando, sendo engolidos mesmo, pela cultura externa do consumo de salgadinhos cheios de corantes e produtos químicos, nocivos à saúde, quando poderiam estar comendo bolos, beijus, biscoitos, mingaus, cuscuz e mais de cem tipos de iguarias feitas a partir dessa rica e diversa planta/raiz chamada mandioca. São paradoxos assim que com certeza travam o desenvolvimento, em nome de um falso e aparente crescimento.

DESCASO COM A MEGA BIODIVERSIDADE - FOCO ÁGUA

Degradação de praias, matas, mangues, rios e mares em áreas de atuação da Petrobrás, uma das maiores empresas anunciantes do mundo. Insustentação que a publicidade não mostra.

A falta de investimentos, associada a uma cultura de desperdício, mau uso, corrupção, desvios e diversos outros desmandos administrativos, mostram cenários entravados na infraestrutura. Temos por exemplo, os cinco modais: rodoviário, aeroportuário, aquaviário, portuário e dutoviário, com problemas onde uma ponta dessa não engrenagem pode ser percebida com o número de acidentes provocados em todo o Brasil por falta de manutenção e segurança nas estradas, congestionadas de carros, carretas, caminhões, noite e dia, de norte a sul do Brasil. Problemas que afetam a mobilidade urbana e rural e toda uma dinâmica associada para cumprir prazos de entrega de mercadorias, combate ao desperdício, diminuição de gargalos logísticos que impedem o desenvolvimento sustentável no Brasil. Há problemas constantes no aeroportos, faltam linhas aéreas, contêineres, frequência de navios na navegação de cabotagem, vagões ferroviários, terminais marítimos, hidroviários e ferroviários, e conhecimento logístico, com gastos nos deslocamentos da produção, desperdício e perdas por danos e avarias nos transportes, além de dificuldades no uso da intermodalidade e da multimodalidade. A malha ferroviária existente ainda do século passado, com locomotivas de 25 anos a 25 km/hora, sofre das falhas no processo da privatização. Grandes obras ferroviárias estão com atrasos históricos nos cronogramas, inviabilizando sistemas mais eficientes, seguros e de baixo custo. Com os problemas de transportes existentes, o Brasil acaba desperdiçando bilhões de reais, são acidentes nas estradas em pontos conhecidos, roubos de carga, ineficiências operacionais e energéticas. Problemas de atraso de investimentos nas obras do Metrô e VLT- Veículos Leves sobre Trilhos, intensificam um modelo perverso de mobilidade ou falta dela, nos centros urbanos congestionados, parados, estressados, violentos, gerados pela dificuldade de deslocamento das pessoas. Transporte coletivo urbano de massa, com segurança e qualidade, não foi prioridade nesse modelo econômico. O acesso o sonho de ter um carro, até antes de uma casa, transformou o veiculo no grande vilão urbano, poluidor do ar, arma de matar gente e um dos principais problemas para de saúde pública, através dos altos índices de acidentes.

Transporte de massa caótico, desumano, insustentável




O impacto desse sistema é perverso, criminoso, antigo e não inteligente, quando não acompanha o desenvolvimento de um parque tecnológico à disposição no mercado que enfrenta a resistência de empresários que ainda calculam mal a relação entre custos e benefícios, com visão de longo prazo e alcance social. Práticas que deveriam ser substituídas para a construção de uma Economia Circular, de matrizes limpas, harmoniosas entre o lucro, bem estar, justiça, cidadania, inclusão. Apesar de diversos diagnósticos negativos sobre os problemas gerados pela falta de investimentos e eficiência na aplicação de recursos para a infraestrutura, o Brasil ainda não investe e muito menos, fiscaliza, o que é investido para o funcionamento de cadeias produtivas. No passado, a origem foi a crise fiscal e baixo crescimento da economia. Qual a justificativa hoje? Pra que melhor resposta a eleitores não exigentes do que as propagandas, volumosas, que governo e empresas veiculam, todos os dias, o dia todo, nas diversas, rápidas e caras, mídias ávidas por contas, em suas agencias ?

Transporte de cargas ineficiente, sucateado.

Perdas, sucateamento, demora no escoamento da produção coloca o Brasil como o país que mais desperdiça, no mundo. Desconexão entre o que e como trabalha para sustentar seu povo, trabalhador.

Nesse cenário é paradoxal informações sobre diminuição de pobreza, ascensão da classe C ao mercado de consumo, crescimento da renda, expansão de fronteiras econômicas através de commodities, onde o Brasil exporta matéria prima que depois é reintroduzida no mercado interno através da massiva comercialização de produtos chineses, onde a qualidade é duvidosa e tem matriz de produção com histórico de exploração de mão de obra e impacto socioambiental, com gargalos logísticos complicados. È esse modelo, que exporta commodies como soja, aço, petróleo, e importa “lixo em forma de plástico, comidas artificiais, e milhares de produtos, inúteis, da chamada cultura do 1,99? Seria sustentável, em que, essa prática de economia que leva o melhor, e barato, e compra o pior, e caro? Onde está o “sustentável”, tão propalado?


Como continuar um modelo onde a dignidade humana é jogada fora, todos os dias, quando não há planejamento para as gerações. Moradia é só um, dos direitos básicos. desrespeitados.

A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 aparecem, agora, como grandes marcos históricos para a mudança dessa política em infraestrutura. O cenário de mal uso, corrupção, favorecimentos, e mesmo falta de planejamento e até, exploração de mão de obra e falta de garantia de direitos mínimos para trabalhadores em greve, como os das obras do novo Maracanã, no Rio de Janeiro, sinalizam que problemas históricos ainda estão longe de soluções civilizadas. Especialistas reforçam a tese de que mesmo na ausência desses dois grandes eventos, o Brasil precisaria investir bilhões de reais apenas para atender ao atual ritmo de crescimento da economia e dos investimentos.

Como sétima economia mundial e entre os 20 maiores exportadores mundiais o Brasil parece não olhar para dentro, para o seu povo, para problemas que não combinam com esse perfil falsamente alardeado lá fora. As dificuldades encontradas para o desenvolvimento sustentável estão relacionadas, travadas, a modelos de crescimento à qualquer custo, com entraves internos que se repetem, sem solução, burocracia excessiva, tecnologias de alto carbono, educação de faz de conta, má formação de mão de obra, carencia de técnicos, engenheiros, médicos professores e outros profissionais capazes de criar inovação e agregar valores a produtos e serviços na formação de cadeias produtivas harmoniosas, limpas, sustentáveis, de fato.

Desde os anos 90, inicio do ECA, que o Brasil intensificou as alianças com instituições internacionais para combate ao trabalho escravo e a realidade não muda, até piora em alguns lugares do norte/nordeste. Como são gastos os volumosos recursos? Porque as crianças continuam trabalhando? O nó social, desestruturação familiar, continua fora da pauta da sustentabilidade?

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Desafios do Jornalismo ambiental em pauta no Rio de Janeiro


Por : Liliana Peixinho*
lilianapeixinho@gmail.com

No período de 17 a 19 de novembro o Brasil será palco de grandes encontros sobre Jornalismo ambiental durante o IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. Em foco, o aprofundamento do debate com os novos desafios da mídia frente à Sustentabilidade. O evento deverá reunir cerca de 1200 profissionais membros da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental; Jornalistas e profissionais de comunicação ligados à cobertura de temas ambientais e de sustentabilidade; Profissionais de comunicação de empresas que tem a sustentabilidade como foco operacional; Assessores de imprensa de empresas, ONGs e organismos de governo ligados a questões sociais, ambientais e de sustentabilidade; além de estudantes pesquisadores em comunicação socioambiental.

O que é o IV CBJA

A 4ª edição do CBJA - Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental acontecerá entre os dias 17,18 e 19 de novembro, na Pontifícia Universidade Católica, no Rio de Janeiro-RJ, e terá ênfase na cobertura da conferência Rio + 20. O evento, antes programado para 2012, foi antecipado pela comissão organizadora para estimular o debate e os preparativos para a conferência internacional, marco histórico da pauta mundial sobre Meio Ambiente. Palestras, oficinas, mini-cursos, exposições, lançamentos de livros e mostras cientificas com grandes nomes da pesquisa em Comunicação Ambiental do Brasil. Compõem a grade de programação painéis temáticos como: impactos das mudanças climáticas, uso de redes sociais no jornalismo, espiritualidade, Economia Verde, envolvendo o papel da mídia na construção do novo paradigma mundial de mudança de comportamento frente aos desafios para a garantia da Vida.

Segundo a coordenação o objetivo do CBJA, é colaborar para a formação continuada dos profissionais de comunicação ambiental e fortalecer a Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e suas parcerias. Pela primeira vez as inscrições para o IV CBJA serão gratuitas e o acesso é pelo site www.jornalismoambiental.org.br/

Eventos Paralelos

Durante o Congresso serão realizados outros eventos, em paralelo, como o Encontro da RedCalc – Red Latino-Americana de Periodismo Ambiental, que reúne jornalistas que atuam com pautas ambientais e de sustentabilidade em toda a América Latina; o I Encontro Nacional de Pesquisadores em Comunicação Ambiental; I Encontro Nacional da REBIA (Rede Brasileira de Informação Ambiental). O CBJA também conta com uma mostra científica, que reúne grandes nomes da pesquisa em Comunicação Ambiental do Brasil.

Contextualização histórica

Há 20 anos o Brasil sediou a Rio 92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio 92 ou Eco 92 . Desde então, entrou em pauta um ciclo de conferências das Nações Unidas para discussão de problemas que afetam a a Vida, na humanidade. Desses eventos surgiram as Convenções sobre Mudanças Climáticas, Biodiversidade, Desertificação, Agenda 21, Carta da Terra, Declaração sobre Florestas, Declaração de Durban e inúmeros outros documentos, acordos, convenções, códigos ainda não em prática efetiva para o enfretamento da reversão de problemas sérios como fome, miséria, injustiça social e degradação ambiental. Eventos que frustrou esperanças e indignou gente séria, atentas aos processos e formas de utilização de recursos, de toda ordem, para a preservação/adaptação da Vida, em agonia nesse planetinha de constantes mudanças.

Sete bilhões com fome

Informações divulgadas pelas redes ambientais mostram que sete bilhões de seres humanos vivem hoje as seqüelas da maior crise capitalista desde a de 1929. Um cenário com desigualdade social, pobreza extrema, fome em mais de bilhão de pessoas e o paradoxo do desperdício de alimentos, da falta de cuidado com a grande matriz natureza sendo devorada por um modelo capital em cheque junto às mentes inteligentes e altruístas mundo afora. Temos ainda, em pleno século XXI, guerras e situações de violência endêmica, racismo, xenofobia. A proposta de Cadeias Produtivas Sustentáveis de ponta a ponta é uma utopia diante de um sistema de produção e consumo as grandes corporações, mercados financeiros e os governos, que asseguram a sua manutenção, produz e aprofunda a decadência da Vida diante da perda de biodiversidade, escassez de água potável, aumento da desertificação dos solos e acidificação dos mares, a derrubada das florestas, o aumento da violência, do desemprego, do caos nos grandes centros urbanos.

Nessa crise civilizatória, inédita, governos, instituições internacionais, corporações e com certeza o até o Terceiro Setor, estão em cheque com o modelo de economia, governança e valores considerados ultrapassados, paralisantes, perversos e até criminosos. A economia, conduzida num mercado financeiro global, apoiada no lucro fácil, rápido, especulativo, deixa suas marcas no trabalho escravo à moda moderna; na queima dos combustíveis fósseis, na degradação dos ecossistemas, no desenvolvimento igualado ao crescimento, na produção pela produção e outras práticas distante do tão propalado discurso Sustentável.

Adaptação da Vida

Esse olhar transversalizado sobre as necessidades de adaptação da Vida na Terra alimenta a oportunidade do que os ambientalistas chamam de “reinventar o mundo”, apontando saídas para o perigoso caminho que estamos trilhando. Educadores da rede brasileira tomaram a seguinte posição: “a ação dos atores hegemônicos do sistema internacional e mediocridade dos acordos internacionais negociados nos últimos anos, suas falsas soluções e a negligência de princípios já acordados na Rio92, entendemos que se não devemos deixar de buscar influenciar sua atuação, tampouco devemos ter ilusões que isso possa relançar um ciclo virtuoso de negociações e compromissos significantes para enfrentar os graves problemas com que se defronta a humanidade e a vida no planeta.”.
Entendem que a agenda necessária para uma governança global democrática pressupõe um fim da condição atual de captura corporativa dos espaços multilaterais. Reforçam a idéia de mobilização social onde a mudança somente virá da ação dos mais variados atores sociais: diferentes redes e organizações não governamentais e movimentos sociais de distintas áreas de atuação, incluindo ambientalistas, trabalhadores/as rurais e urbanos, mulheres, juventude, movimentos populares, povos originários, etnias discriminadas, empreendedores da economia solidária. Garantir condições materiais e tecnológicas para que novas formas de produção, consumo e organização política sejam estabelecidas, potencializando a atuação coletiva.

Para movimentos ambientais brasileiros como REBEA, AMA, RAMA, REBIA, RBJA, e outros coletivos, a Rio +20 poderá ser um importante ponto na trajetória das lutas globais por justiça social e ambiental construídas antes e depois da Rio-92, como Seattle, FSM, Cochabamba, COP 17, G20. Oportunidade que precisa ser potencializada como espaço democrático para gerar forças e resistência na defesa da Vida.

Preparação para a Rio + 20

A Conferencia Mundial chamada de Rio + 20, será realizada em junho de 2012, como evento autônomo e plural, provisoriamente denominado Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD). A Bahia levará ao evento propostas para ações cotidianas através das campanhas dos Movimentos AMA – Amigos do Meio Ambiente e da RAMA- Rede de Mobilização em Comunicação Ambiental através da Agenda Ambiental Doméstica, com ações proativas para Consumo Consciente, Adoção da Cultura dos 7 Rs - Racionalizar, Reduzir, Repensar, Recriar, Reaproveitar, Repartir, Revolucionar e Desperdício Zero = Lixo Zero = Saúde 10. Ações com agregação em aproveitamento integral de alimentos/segurança alimentar, cultura de prevenção e cuidado com a Vida e construção de cadeias produtivas sustentáveis de ponta a ponta, para comércio justo, inclusão social e bem viver em harmonia com a grande matriz Natureza.

Carbono Zero

IV CBJA será carbono negativo, ou seja, serão plantadas mais árvores que o necessário para a neutralização das emissões de carbono do evento, que também adotará práticas ecoeficientes e produtos reciclados. A proposta é que o IV CBJA seja um exemplo do que os jornalistas ambientais esperam ver na sociedade. A Realização é da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, com organização da REBIA e Envolverde. Tem o apoio institucional da PUC Rio e NIMA; operação da Pega Eventos e patrocínio master o Fundo Vale e Petrobrás e outros como Itaú Unibanco e Fundação Banco do Brasil. A curadoria é dos jornalistas Dal Marcondes, com a Envolverde e RBJA e Vilmar Berna, com a REBIA e a RBJA.


PROGRAMAÇÃO:

PAINEL 1

Os desafios da cobertura da Rio+20

• Luiz Figueiredo – embaixador, diretor de meio ambiente do Itamaraty (A confirmar)

• Ladislau Dowbor – economista e professor da PUC SP (confirmado)

• Aron Belinky – Vitae Civilis e Ecopress (A Confirmado)

• Sérgio Besserman (A confirmar)

Moderação

Dal Marcondes – jornalista e diretor de redação da Envolverde

PAINEL2

Redes Sociais e Sustentabilidade

• Alan Dubner (Confirmado)

• Ismar Soares – Prof. Educomunicação USP (A confirmar)

• Luis Nassif (A confirmar)

• Luiz Antônio Prado (colunista da REBIA -A confirmar)

Moderação

Henrique Camargo – Mercado Ético (A confirmar)

PAINEL3

Jornalismo em Tempo de Economia Verde

• Amélia Gonzalez – editora do caderno Razão Social – O Globo (A confirmar)

• Sonia Araripe – editora revista Plurale (A Confirmar)

• Ricardo Voltolini – Editor revista Ideia Sustentável (A confirmar)

• Ricardo Arnt - Revista Planeta (A confirmar)

Moderação

• Ricardo Young – ex-presidente do Instituto Ethos (A Confirmar)

PAINEL4

O jornalismo científico e o diálogo imprensa/academia

• Ulisses Capozolli – Editor da Scientific America Brasil (A confirmar)

• Eduardo Geraque (A confirmar)

• Wilson da Costa Bueno (Confirmado)

• Renato Janine

ñ Moderação

Ilza Girardi (Confirmada)

PAINEL5

As novas pautas da sustentabilidade

• Andrea de Lima – ex-gerente de comunicação do instituto Ethos (A confirmar)

• Sonia Favaretto – diretora de comunicação da BM&F Bovespa (A Confirmar)

• Celso Marcondes – diretor da revista Carta Capital (A Confirmar)

ñ Moderação

Reinaldo Canto – ex-diretor de comunicação do Greenpeace (Confirmado)

PAINEL6

Sustentabilidade no Rádio e na TV

• Maria Zulmira – Repórter e produtora de TV (A confirmar)

• Paulina Chamorro – Gerente de Meio Ambiente da Rádio Eldorado (A confirmar)

• Sergio Abranches (A confirmar)

ñ Moderação

João Batista Santafé (A confirmar)

PAINEL7

Redes Sociais e Sustentabilidade

• Alan Dubner (Confirmado)

• Ismar Soares – Prof. Educomunicação USP (A confirmar)

• Luis Nassif (A confirmar)

• Luiz Antônio Prado (colunista da REBIA -A confirmar)

Moderação

Henrique Camargo – Mercado Ético (A confirmar)

PAINEL7

Cidades Sustentáveis

• Andrea Young – Unicamp / INPE (A confirmar)

• Luanda Nero – jornalista do Movimento Nossa São Paulo (A confirmar)

• Rafael Greca ( A confirmar)

Moderação

André Trigueiro (Confirmado)

Liliana Peixinho * - Jornalista, ativista socioambiental, aluna do Curso de Jornalismo Científico e Tecnológico da UFBa, autora do projeto para mestrado “ Transversalidade da Informação como instrumento de construção da Comunicação Sustentável”. Fundadora dos Movimentos Livres AMA/RAMA- Rede de Mobilização e Comunicação Ambiental